Monday, March 1, 2021

Confissões noturnas...



Confissões noturnas

No fim de mais um dia recebido

E do alto ou do além oferecido...

No qual se fecha o sol e se abre a lua

Lua nesta noite crua...

Em que a escuridão e o breu

Se vislumbra e se vê no céu...

Neste momento em que o silêncio

É convidativo para a manipulação de um compêndio...

Ou então

Para a reclusão da solidão...

Naquele gasto cadeirão

Com o candeeiro sempre à mão...

E uma qualquer bebida para acompanhar

O pensamento que se tenderá a libertar...

Seja com ou sem melodia

E algo de transcendente se principia...

Algo de belo começa

A juntar peça por peça...

Como os velhos negativos da fotografia

Que fazem a lembrança do importante dia...

E assim: sucede com o pensar

Esta arte de voar...

Esta ciência ao Homem confiada

E para nós predestinada...

Para pensar em tudo ou em quase nada

A noite é livre, libertina e uma prostituta...

Que nos leva a tomar as rédeas e a batuta

Para deixar fluir...

O que ao intelecto tende a advir

Para ser construção...

De algo marcante ao coração

A memória sempre existente...

De algo ou alguém presente

Que nos apartou da condição de ser carente...

Um alguém doce e especial

Deveras marcante e sensacional...

Alguém: um ser, uma luz

Que nos guia e seduz...

Alguém que é razão

De existir o ato de despertar da imensidão...

Como é possível pensou eu a divagar

Haver assim alguém de inflamar...

Inflamar e que tão perfeitamente nos tende a completar

Alguém que nos faz a lágrima secar...

E o sorriso querer fazer vingar

Alguém que nos conhece: a fragilidade e a fortaleza

Alguém que nos despe e vê a nossa pureza...

Um ser que nos envolve com as temperaturas das furnas

Um ser produtor destas confissões noturnas...

João Paulo S. Félix  

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