Monday, November 11, 2019

Escuta do coração...


Escuta do coração…
Tic, tac, tic, tac, o som da maquinal criação
Que nos conduz à reclusão…
Uma reclusão infernal
De trabalho neste mundano pantanal…
Ir para fazer
Sair em vertigem e a correr…
Sem saborear
O pequeno momento de vagar…
Que o reles café nos possa ofertar
Sentir o seu aroma e sabor…
Raio de vida sempre a todo o vapor
Quando o mais importante…
O mais desafiante
Não é o ter…
Mas o perceber
Que o dinheiro e os bens…
Só nos fazem reféns
E que o mais valioso…
É o sentimento de cada momento desejoso
De cada olhar trocado…
De cada abraço bem apertado
O ouvir da voz do ser amado…
De quem no pensamento se encontra destacado
Quando o mais importante não é um cartão…
Mas aquele beijo que leva à exaustão
E nos conduz à humana perdição…
No sexo ou no amor realizado
Conforme o prisma como é encarado…
O ato da atração
Que se faz com a sedução…
Da cumplicidade sem senão
Da vontade do outro consumir…
Cada fluido que se faça surgir
Cada gota do suor que se faça escorrer…
E a saliva do canto da boca a aparecer
Do beijo fogoso, lânguido e que faz arder…
Amor sentimento vital
Para atitude especial…
De nos marcar e nos sagrar
Neste lugar, nesta dimensão…
Onde crucial se torna a escuta do coração…
João Paulo S. Félix

Boticário do coração...


Boticário do coração…
Os tempos climatéricos são irreverentes
São altivos, imprevisíveis e surpreendentes…
Porque tanto calor como o frio
Causam aquele arrepio…
Que pode resultar num resfriado
E num estado de saúde mais debilitado…
Ate que surge o que nos traz a cura a este estado
O fármaco muito desejado…
Assim é o amor
Um estado de clima enigmático e de esplendor…
Amor: sentido de existência
Que vem ser ar à nossa permanência…
Amor como solução
Para a cura da vil solidão…
Amor como realidade
Sem hora, lugar ou idade…
Amor sem barreiras
Que arrasa as cores de pele inteiras…
Amor como oportunidade
Para garantir a eternidade…
Feita doce cumplicidade
Entre quem se ama…
Entre quem se inflama
Na mesma chama…
Que envolve e faz sorrir
Que dá forças para o que esteja para vir…
Amor como estado aliciante
Que faz soltar o sorriso viciante…
E que se quer eternamente ostentar
Para ele poder demonstrar…
A felicidade que se veio a vivenciar
Vindo a ser cura para os males da alma…
Que só o ósculo sentido acalma
Porque o amor é remédio e fármaco feito solução…
Para ser para nós o boticário do coração…
João Paulo S. Félix

Saturday, November 9, 2019

Alfabetização dos sentimentos…


Alfabetização dos sentimentos…
Passamos na vida em passo vertiginoso
Andamos pelas ruas e vielas de modo ansioso…
Passamos sem parar
Corremos sem saborear…
Cada ocasião
Que o tempo parar, nos possa levar à reflexão…
Do sentido da vida
Se é esta infernal corrida…
Ou se é o sentir
O que nos toca e faz sorrir…
Se é o falar
Sobre o que nos vem a exaltar…
Algo que nos vem acalentar
Acalentar e exacerbar…
E nos convida a verbalizar
Aquele momento de vociferar…
Aquele ato de beijar
De modo lânguido e sem cessar…
Ou aquele abraço que vem a acrescentar
A doçura e o calor que a fria estação nos vem retirar…
Falar também dos olhares
Que queimam, inflamam e tiram ares…
E convidam à loucura
Da luxúria feita corpórea bravura…
Da mescla, do toque, da demarcação
Daquele ser como sendo da nossa condição…
Ou então dos gemidos de elevação
A dimensões platónicas, cósmicas e de excitação…
Falar da cumplicidade
Que se gera sem a marca da idade…
Ou porque não também velejar
No veleiro do que o amor nos venha a desvendar…
Nesta aventura colossal
Onde tudo é divino, onde cada ocasião é infernal..
Onde cada momento é marcante e sensacional
Porque tudo isto ocorre quando se fala dos vivificantes elementos…
Quando se leva a efeito a alfabetização dos sentimentos…
João Paulo S. Félix

Thursday, November 7, 2019

18 anos… Maioridade de um sentimento feito saudade…

18 anos… Maioridade de um sentimento feito saudade…
Hoje ao levantar
E no momento de o calendário enfrentar…
O frio de mim se veio a apoderar
Um frio cortante…
Interno e dilacerante
Um frio de ausência…
A tua doce presença
Foi neste dia…
Que nos lados de Carnaxide tudo mudaria
E de mim luto e uma raiva se apoderassem…
Custou a crer que os meus dias mudassem
Não poderia ser o fim…
A tua despedida sem sorrires para mim
Porque eras doce e singela flor do meu jardim…
Porque eras a minha avó dos viriatos
A minha avó dos abraços apertados…
Porque eras minha advogada
Naquela hora mais apertada…
Porque eras a avó dos chás e das torradas
Na lareira em brasas preparadas…
Barradas carinhosamente com planta
O tempo passa e nada a tua falta suplanta…
Passam dias, meses, anos
Nestes terrenos mundanos…
Em que sinto a tua falta
Que a dor só exalta…
Tenho que tudo silenciar
Para a tua voz poder recordar…
A me chamar
Quanta dor e nostalgia…
Quanto amargo de alegria
Em recordar esta malograda data…
Em que a falta de ti magoa e mata
Porque foste de nós retirada…
Porque foste de mim arrancada
Em cárnea existência…
Tu que eras ser de magna excelência
Em carinho, ternura e amor…
Em olhar cândido pleno de esplendor
Porque teve de ser assim…
Te sonegarem de mim: minha avó Iraci
De ti que te queria sempre aqui…
Porque foi acontecer essa fria e crua crueldade…
Hoje se cumprem 18 anos: maioridade de um sentimento feito saudade…
João Paulo S. Félix