Sunday, September 10, 2023

Porque não fui feito para a solidão...



Porque não fui feito para a solidão...

A noite veio-me visitar

E no meu canto me veio encontrar...

Por entre objetos e pensamentos 

Por entre os olhares e os sofrimentos...

Que se sentem a solo

E as lágrimas que servem de consolo...

As que nos envolvem no leito

E trazem para fora o que não cabe mais no peito...

A nostalgia dos trilhos unitários

Aqueles feitos em mono passos...

No meu canto estou em ato reflexivo 

E quem me dera ser do tempo do definitivo...

Dele puxar e à fumaça me confessar

Para ela também me aliviar...

Como cansa e é pesado

O volume total carregado...

Da vida e da humana caminhada

Feito de múltiplos feitos...

De façanhas passadas e também defeitos

Dos esqueletos que assombram...

E que sendo só sempre se encontram

Sem hipótese para deles falar...

Para os fazer dissuadir: expulsar

Como se torna faraónica a incursão...

Neste mundo feito larga imensidão

Em que por vezes nos convida...

A vontade do termo da vida

Porque fica pesado o calçado...

Usado

Na longa quimera de ilusão...

Desta existência de perdição

Onde a fatura é colossal...

E se torna surreal

A conta a pagar...

O preço a pagar

Porque custa a ausência de cumplicidade...

De alguém ao lado de verdade

Para o beijo, o abraço, o amasso...

Para ser ouvido no embaraço

E presença no momento de cansaço...

Porque não sou de ferro e aço

Porque é brutal a cobrança da exaustão...

Porque... Porque não fui feito para a solidão...

João Paulo S.Félix