Porque não fui feito para a solidão...
A noite veio-me visitar
E no meu canto me veio encontrar...
Por entre objetos e pensamentos
Por entre os olhares e os sofrimentos...
Que se sentem a solo
E as lágrimas que servem de consolo...
As que nos envolvem no leito
E trazem para fora o que não cabe mais no peito...
A nostalgia dos trilhos unitários
Aqueles feitos em mono passos...
No meu canto estou em ato reflexivo
E quem me dera ser do tempo do definitivo...
Dele puxar e à fumaça me confessar
Para ela também me aliviar...
Como cansa e é pesado
O volume total carregado...
Da vida e da humana caminhada
Feito de múltiplos feitos...
De façanhas passadas e também defeitos
Dos esqueletos que assombram...
E que sendo só sempre se encontram
Sem hipótese para deles falar...
Para os fazer dissuadir: expulsar
Como se torna faraónica a incursão...
Neste mundo feito larga imensidão
Em que por vezes nos convida...
A vontade do termo da vida
Porque fica pesado o calçado...
Usado
Na longa quimera de ilusão...
Desta existência de perdição
Onde a fatura é colossal...
E se torna surreal
A conta a pagar...
O preço a pagar
Porque custa a ausência de cumplicidade...
De alguém ao lado de verdade
Para o beijo, o abraço, o amasso...
Para ser ouvido no embaraço
E presença no momento de cansaço...
Porque não sou de ferro e aço
Porque é brutal a cobrança da exaustão...
Porque... Porque não fui feito para a solidão...
João Paulo S.Félix
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