Friday, October 9, 2020

Costureiros da nossa eternidade...


Costureiros da nossa eternidade...

Recordo hoje com saudade

Aquela nobre atividade...

Que era feita com fervor e primor em toda a parte

A atividade do meticuloso alfaiate...

Que vestia novos e velhos

Que tinham postos em avenidas e quelhos …

E se ouvia com bravura

O som da máquina de costura...

E também o silencioso e preciso giz

A marcar cada peça como condiz...

E toda esta arte me convida à analogia

Para algo causa da mundana alegria...

O amor...

Porque no amor

Esse sentimento de esplendor...

Também se costura com valentia

Num tecido à prova de qualquer ventania...

Em que a ventania é o desdém

Que de qualquer lado advém...

Para toldar o sentimento que não convém

Mas a dois estamos muito mais além...

Com a fé inabalável

E sentimento inquebrável...

Porque pegamos em cada um

E tornamos cada ser num pedaço comum...

Em que se desnudam as fragilidades

Para as tornar em qualidades...

Em que se pega nos defeitos

Que se convertem em altivos feitos...

Porque com a linha da vida

E o dedal da certa medida...

Vamos cosendo com mestria

O nosso caminho que é luz do dia...

Num farrapo que será moda

Marcado pelo nosso passado em alta roda...

Em que formamos uma vestimenta imaculada

Desejada, pretendida e amada...

Que seja a sagração

E que seja a fuga à dor, mágoa e consternação...

Que o amor nosso seja perfeição

De lisura e sofisticação...

Que seja um amor de pujante coração

E seja sempre nossa confirmação...

Na nossa vida de cumplicidade

Para que sejamos... costureiros da nossa eternidade...

João Paulo S. Félix 

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