Tuesday, October 20, 2020

Como café...



Como café...

A noite cai

E com ela um ato que não retrai...

Um ato de habituação

Que virou rotina de salvação...

A de uma cápsula manipular

Para numa máquina a fazer rebentar...

E com violência a fazer brotar

O conteúdo que religiosamente vinha a guardar...

Para com água mesclar

E fazer uma bebida aprontar...

E começo a divagar

No que dizem...

Na sua geográfica origem

Dizem os menos rodados...

Que este líquido os mantém acordados

Por ter força e alma...

Por ser bebida que anima

Por ser algo que em extasiada condição...

Deixa o humano coração

E o cheiro que paira pelo ar...

De bebida acabada de torrar

Que clima de fascinar...

Se adensa naquele lugar

Em que vislumbro da bebida a coloração...

E solto sorriso leve de consolação

Que do nada cria a reflexão...

Que esta é a bebida da paixão

Que é em grande medida início de qualquer relação...

Sejas tu bebida de máquina ou fervedor

És indubitavelmente a bebida do amor...

Porque és intensa e pujante

Porque és quente e vivificante...

Porque o teu sabor é marcante

Assim como o beijo fascinante...

Com o teu sabor que fica e é perpetuado

Que bebida com poder de deixar o ser consolado...

Porque és bebida sem estação

Assim como o amor é sentimento sem marcação...

De barreiras ou entraves

Porque amor: és nos seres as chaves...

Da felicidade e da cumplicidade

Da ternura e solidariedade...

De seres amor sem idade

De seres sentimento de seriedade...

Amor que és a bebida de cereal

Única, frenética e especial...

Amor que és bebida de fé

Amor que és: assim como o café...

João Paulo S. Félix 

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