Como tal foi acontecer?...
Vou começar como costumo acabar
E desta feita num ato de questionar…
Sim, perguntar
Como tal foi acontecer…
Esta estúpida vontade de crescer
Que ainda tende a agudizar…
Com o gesto terno de gargalhar
Das crianças no parque a brincar…
Elas: nos ferrugentos a escorregar
E nos baloiços a voar…
Elas que tendem a areia acumular
Nas roupas sem com isso se venham a ralar…
Porque o que importa: o que importa é brincar
Brincar sem parar…
Desde do sol acordar
Até a lua o vir deitar…
E mesmo nesse momento
Brincar em cada sonho ou pensamento…
Com bravura e simplicidade
De quem vive a pura felicidade…
Aquela que não se acumula nos bancos monetários
Aquela que não se preocupa com o cumprimento dos horários…
Que parvos somos em querer crescer
Para ir para o bar beber…
Para os carros poder conduzir
Para ter tempos a cumprir…
Para sentirmos os cabelos a mudar
E a pele com o relógio se cansar…
E a paciência: esse bem nem sempre vir a abundar
Que parvoíce saloia a nossa
De querermos entrar no mundo dos faz troça…
No mundo dos crescidos e adultos
Que vivem nas intrigas e nos insultos…
Que pura era a vida de criança
Aquele ser que em tudo vê a esperança…
De um dia tudo melhorar
De acreditar que um beijo tende a poder tudo sarar…
Volto a perguntar depois de tudo isto ver
De a crescido ter chegado e isto estar a escrever…
Volto a questionar: Como tal foi acontecer?...
João Paulo S. Félix
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