Thursday, December 17, 2020

Nas brumas da noite de geada...


 

Nas brumas da noite de geada...

Nesta noite de despedida

Em que se começa a sentir vencida...

A outonal estação

A viver os últimos dias no trono da governação...

Um outono de folhas a toldar

Para o chão de múltiplas cores pintar...

Para o frio nos trazer

E com ele fazer acontecer...

O convite à reclusão

Em casa para ato de meditação...

Meditação ao doce sabor

De uma bebida quente ao calor...

E divagar

No coração a palpitar...

E com vontade

De saciedade...

Numa realidade

Que almeja a eternidade...

E docemente sorrir

Com a felicidade que condiz...

Com o desejo de felicidade

Afinal é essa a vontade...

A vontade da nossa humana realidade

De ser realizado...

De amar e ser amado

Suspiro...

E com a tua ausência eu deliro

Porque sem ti não ser voar...

Porque sem ti é cruel poder sonhar

Porque vou deambulando...

E por ti suplicando

Para que os Deuses da suplicação...

Me tragam doce consolação

De te amar uma vez...

E mais outra como a gente fez

E como de novo há ganas de fazer...

Fazer acontecer

Até o nosso material corpo falecer...

E a térrea realidade vier a conhecer

E se desfazer...

Porque até esse suceder

Que seja maior...

A vontade do nosso amor

A força para acreditar...

Que podemos tudo ultrapassar

Que podemos ao altivo infinito chegar...

Porque é dilacerante 

O que nos faz não ser pessoa errante...

Porque é bem mais intenso

O que sentimos, pelo menos eu penso...

Que há sempre razão para isto sentir

E por tal investir e não desistir...

De sermos um para o outro pessoa fadada

Porque tudo isto penso... Nas brumas da noite de geada...

João Paulo S. Félix 

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