Wednesday, November 4, 2020

Mala de mão...

 



Mala de mão...

Hoje numa incursão

A uma área comercial e de restauração...

Passei por um corredor

E o olhar ficou com primor...

Num objeto muito usado

Com rodas e para viagens utilizado...

Uma mala e o pensamento a voar

Para onde iria aquela mala chegar...

Macau, Nova Iorque, Singapura?!

Mas depois vem ao pensamento a tortura...

E da vida a sua agrura

Que poderia ser significado...

Do laço familiar cortado

De ver os jovens de capa e batina...

A seguir uma triste sina

A olhar pelo canudo...

Para um mundo mudo

Que seca internas alegrias...

Para exteriorizar com ardentes lágrimas

De ida...

De saída

De Portugal e do seu canto...

Para procurar trabalho ficando em pranto

Pais, irmãos, tios e avós...

Que ficam fatidicamente sós

Hei-los para a emigração...

Carregados de formação

E com sonhos feitos pó de desilusão...

Hei-los também sem trajes ou graduações

E que seguem os mesmos trilhos e emoções...

Numa qualquer gare ou cais

De embarques onde ficam gemidos e os ais...

Vão para o desconhecido

Procurar lugar para o mérito ser reconhecido...

Para também o pecúnio conquistar

E os seus projetos poder concretizar...

Vão com a incerteza

Vão para a dureza...

Da mundial dimensão

Vão: levando nas mãos o coração...

E ralhos presos na voz

Que realidade crua e atroz...

Eles que emigram na humanidade

Deixando em aldeias cidades e vilas saudade...

Hei-los que vão...

Levando junto ou deixando no porão

A sua pesada e significada mala de mão...

João Paulo S. Félix

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