Mala de mão...
Hoje numa incursão
A uma área comercial e de restauração...
Passei por um corredor
E o olhar ficou com primor...
Num objeto muito usado
Com rodas e para viagens utilizado...
Uma mala e o pensamento a voar
Para onde iria aquela mala chegar...
Macau, Nova Iorque, Singapura?!
Mas depois vem ao pensamento a tortura...
E da vida a sua agrura
Que poderia ser significado...
Do laço familiar cortado
De ver os jovens de capa e batina...
A seguir uma triste sina
A olhar pelo canudo...
Para um mundo mudo
Que seca internas alegrias...
Para exteriorizar com ardentes lágrimas
De ida...
De saída
De Portugal e do seu canto...
Para procurar trabalho ficando em pranto
Pais, irmãos, tios e avós...
Que ficam fatidicamente sós
Hei-los para a emigração...
Carregados de formação
E com sonhos feitos pó de desilusão...
Hei-los também sem trajes ou graduações
E que seguem os mesmos trilhos e emoções...
Numa qualquer gare ou cais
De embarques onde ficam gemidos e os ais...
Vão para o desconhecido
Procurar lugar para o mérito ser reconhecido...
Para também o pecúnio conquistar
E os seus projetos poder concretizar...
Vão com a incerteza
Vão para a dureza...
Da mundial dimensão
Vão: levando nas mãos o coração...
E ralhos presos na voz
Que realidade crua e atroz...
Eles que emigram na humanidade
Deixando em aldeias cidades e vilas saudade...
Hei-los que vão...
Levando junto ou deixando no porão
A sua pesada e significada mala de mão...
João Paulo S. Félix
No comments:
Post a Comment