Sunday, February 14, 2021

Pudesse eu ser...

 


Pudesse eu ser...

Pudesse no meio do mundo

Este espaço longínquo e profundo...

Fazer algo de imortal

Algo deveras memorável...

E profundamente admirável

Pudesse realizar algo assinalável...

E fazer suceder

O florescer...

Em que eu fosse um dia

Um dia não só doce melodia...

Mas toda a tua sinfonia

E estar plenamente em sintonia...

Contigo de modo avassalador

Intenso e devorador...

Pudesse ser nem que fosse um segundo

Que o convertia em algo nada efémero ou imundo...

Pudesse ser o teu amanhecer

E ver o teu olhar o meu rosto reconhecer...

E começar cada dia com o ato de te beijar

E te dar as boas vindas à jornada a iniciar...

Pudesse ser as tuas tardes

E delas todas as partes...

Pudesse ser as noites

E realizar contigo as doces cortes...

Onde te cortejasse

Com arrepios te deixasse...

E tudo se principiasse

Os beijos de desejo...

A suavidade do curso do Tejo

A ternura da suavidade...

Sentir nos gestos da honestidade

Do amor que une...

Une e nos funde

Que nos torna cúmplices e não confunde...

Sentir o teu respirar...

A cheio de vertigem ficar

E com ele brados sentir o corpo a soltar...

Os brados e os prantos da falsa trivialidade

E nos confinar à entrega para a eternidade...

Pudesse com toda a crença

Ser sempre em ti presença...

Também na madrugada

Que liga dias à alvorada...

E ser para ti eterna morada

De felicidade e plenitude...

Ser em cada gesto, palavra e atitude

O teu refúgio e reduto de viver

Para tudo fazermos acontecer...

Ai meu amor... Pudesse tudo isto ser...

João Paulo S. Félix

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