Saturday, February 20, 2021

Mantas...

 


Mantas...

Desce o véu na doce noite fria

Que convida ao parar de toda a correria...

E vem a paz e a bonança

Encher cada um de terna segurança...

Mesmo com a chuva que cai

E o vento que por aí vai...

Somos catapultados

Para casa exilados...

Mas nunca confinados

Porque não estamos cativos...

Porque estamos bem vivos

Mais que os notáveis livros...

Porque a mente corre solta

Sem amarras ou escolta...

E mesmo no recato

Há um ataque num nobre ato...

O pensar

No que nos faz sorrir e sonhar...

No que nos faz voar

Sem se poder vacilar...

Também o gesto simples de respirar

E poder inalar...

O aroma que se veio a deixar

No momento do carinho a saborear...

E poder mais algo almejar

O fechar dos olhos para vislumbrar...

O ato doce de beijar

O ato de poder acariciar...

Mais se segue deixando tudo fluir

E tudo deixar advir...

Ao pensamento

E ao coração do sentimento...

Lugar sagrado do máximo esplendor

Onde habita o sentimento de amor...

O sentimento de amor: o desejo de amar

Amar de modo sôfrego e sem parar...

Porque nunca sabemos a hora em que tudo se vai eclipsar...

Porque até ao Ómega das realidades

Desejamos as bênçãos e as imoralidades...

Para sermos eternas eternidades

Porque também se deseja o conforto

De sentir no peito o calmo porto...

Aquele porto que é abrigo e segurança

A segurança da plenitude da confiança...

Nas palavras e nas emoções

Nos atos e sensações...

Porque tudo surge por uma razão

Uma razão que nos afasta da solidão...

Uma razão entre muitas e entre tantas

Tudo deixando surgir estando envolto em mantas...

João Paulo S. Félix

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