Wednesday, June 1, 2022

Inocência de ser...



Inocência de ser...

Hoje uma criança observei

E por ela me maravilhei...

Neste dia que é delas

Sejam de cidades ou aldeias...

Sejam do sul ou do norte

Olhei para uma e para o seu forte...

E qual é?

O ser firmeza em pé...

O ser rei sem espada

E príncipe sem farda...

O teu no olhar um brilho especial

De quem quer o mundo real...

E nele em tudo acreditar

Acreditar na palavra que se veio a vociferar...

Acreditar nas promessas dos adultos

Acreditar que vão viver uma vida sem insultos...

Acreditar também

Que vão ser como o pai com como a mãe...

Ou então como o tio doido lá de casa

Ou como os avós que os têm sempre debaixo da asa...

Criança, uma doce criatura

Que acredita num mundo ser amargura...

Que pode a bola chutar

E o melhor golo marcar...

Que pode desculpa pedir

E o mundo com essa palavra lhe sorrir...

Que pode com um abraço ser medicamento

Que cura a dor do coração e do pensamento...

Que puro é olhar tão doces pessoas

E lembrar que nós já o fomos em alturas boas...

E do nada puxo a fita ao passado

E dei por mim: a ter cada momento meu recordado...

Da minha infância de pequenez

E recordar cada momento com altivez...

Da minha infância feliz e amada

Por terras da minha Eira-Queimada...

Onde sonhava que aquele era o meu mundo

E nada mais havia, nada que fosse longínquo ou profundo...

Que bonita e doce ocasião

Em que jogar à bola era um festão...

E levantar o rosto para olhar

Para quem comigo estava a falar...

Que nostalgia

Da alegria de ouvir docemente dos pássaros a melodia...

E pensar nos beijos e abraços recebidos com doçura e calor

Que tinham, perante dinheiro, muito mais valor...

Saudades desse momento em que jamais estava a sós

Que falta sinto de ser a criança: o pequeno dos meus avós...

Que saudades de poder brincar ao fantasiar

Em que tudo se poderia passar...

Em que o relógio não existia

E a sua lei não se sentia...

Saudades de cada amanhecer

De quando era criança... De quando vivia: a inocência de ser...

João Paulo S. Félix 

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