Monday, May 17, 2021

O lado bom de se morrer...

 


O lado bom de se morrer...

Pela vida deambulamos

E na mesma vagueamos...

Como vadios indigentes

Sem pensar nas humanas gentes...

Aquelas que nos envolvem

Que vivem no social meio e nos engolem...

Mas tal para nós é desperdício

É quimera feita suplício...

Porque pela vida andamos

E na mesma nos apaixonamos...

E sempre desejamos

Ter...

O ser

A nosso lado...

A toda a hora do nosso fado

Porque queremos o beijo da serenidade...

E o abraço da vitalidade

Que cure a letargia...

Que seja fármaco para a melancolia

Porque é malograda a existência...

Em que temos que andar em estado de emergência

Para horas cumprir...

Para os afazeres fazer suprimir

Porque não podemos sempre estar?...

Com quem queremos amar

Porque tal o destino nos vem a privar...

Porque temos que do mundo ser servos

Quando queremos da felicidade os seus verbos...

Porque não podemos amar

Sempre que o corpo se vem a excitar?

Porque não podemos orgasmar

Sempre que o pensamento nos vem a despertar?

Porque é contigo amor

Causa minha de vida maior...

Porque te quero, sim, e assim sem cessar

Mas isso o mundo tende a racionar...

Quando amor não é ração

Quando em si o amor não é portador de razão

Quando amor é altivez e excitação...

E humana galvanização

Porque amor é causa maior de sublimação...

Porque amor é sofisticação

Que é amanhecer das almas...

Frias, murchas e cativas em malgas

Porque te amo e te quero mais...

Sempre mais porque somos seres especiais

Condenados a ser para o outro motivação...

De existir, mover, e querer da vida mais uma estação

Porque dói: dói de forma cortante estar longe de ti, sim...

Flor pura e cândida do meu jardim

Porque se contigo não puder estar: se contigo não puder viver...

Existe sempre: porque esse é sempre o lado bom de se morrer...

João Paulo S. Félix

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