Recordo hoje com saudade
Aquela nobre atividade...
Que era feita com fervor e primor em toda a parte
A atividade do meticuloso alfaiate...
Que vestia novos e velhos
Que tinham postos em avenidas e quelhos …
E se ouvia com bravura
O som da máquina de costura...
E também o silencioso e preciso giz
A marcar cada peça como condiz...
E toda esta arte me convida à analogia
Para algo causa da mundana alegria...
O amor...
Porque no amor
Esse sentimento de esplendor...
Também se costura com valentia
Num tecido à prova de qualquer ventania...
Em que a ventania é o desdém
Que de qualquer lado advém...
Para toldar o sentimento que não convém
Mas a dois estamos muito mais além...
Com a fé inabalável
E sentimento inquebrável...
Porque pegamos em cada um
E tornamos cada ser num pedaço comum...
Em que se desnudam as fragilidades
Para as tornar em qualidades...
Em que se pega nos defeitos
Que se convertem em altivos feitos...
Porque com a linha da vida
E o dedal da certa medida...
Vamos cosendo com mestria
O nosso caminho que é luz do dia...
Num farrapo que será moda
Marcado pelo nosso passado em alta roda...
Em que formamos uma vestimenta imaculada
Desejada, pretendida e amada...
Que seja a sagração
E que seja a fuga à dor, mágoa e consternação...
Que o amor nosso seja perfeição
De lisura e sofisticação...
Que seja um amor de pujante coração
E seja sempre nossa confirmação...
Na nossa vida de cumplicidade
Para que sejamos... costureiros da nossa eternidade...
João Paulo S. Félix
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