Sunday, February 12, 2023

Vestidos de saudades...



Vestidos de saudades...

Veste-me a vontade do teu ser

Sim, de ti, tu que me fazes viver...

Vontade de te beijar

E a imoralidade de te tragar...

Tragar, comer, desejar

Fazer o teu suspiro surgir...

Fazer com que ele se faça ouvir

Nas entranhas da nossa essência...

Aquela que nos conduz à indecência

De querer pelo chão derrubar...

Cada trapo que venhamos a portar

Até nudos ficarmos...

E ao corpóreo capricho nos entregarmos

És a vontade feita chama...

Que para o amor me chama

E que me inflama...

Faz arder

Faz adoecer...

Ficar febril

E querer mais que a noite mil...

Querer de nós a imortalidade

E querer fazer subir-te à sacralidade...

Das súplicas feitas aos Divinos

Quando nossos corpos fundimos...

Quando nos penetramos

Quando no outro ficamos...

Quando do outro nos alimentamos

Em corpo e alma...

Quando na sexualidade se encontra a calma

Vinda do orgasmo feito luxúria...

Orgasmo pleno de harmonia

Que nos faz jurar...

Ser do outro até o mundo acabar

Que sejamos

Sempre o amor que desejamos

Que nos amemos...

E que na dificuldade oremos

As recitas celestiais

Para sermos sempre unos e especiais...

Para no amor sermos imortais

Para sermos o infinito...

Para sermos todo o sentimento dito

Dito e acariciado...

E candidamente observado

Porque és quem me alimenta...

Quem o meu coração fermenta

Porque és quem me veste na realidade...

Dos afetos e da verdade

Porque no amor das realidades

Somos vestidos de saudades...

João Paulo S. Félix 

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