Olhares de pecado...
Quando me olhas com esse olhar
Tudo em mim se tende a despoletar...
Toda a calma desiste de existir
E deixa tudo livre para o que está para vir...
Quando me olhas com ar de desejo
Sinto-me a inflamar de ensejo...
Quando dessa maneira tendes a olhar
Sinto que perdido tendo a ficar...
E sem norte
Abençoada pouca sorte...
Vem e faz de mim o que quiseres
Sim: dá palco aos nossos viveres...
Porque quando a ti me entrego
A mim me nego...
Sem saber onde estou
Sem saber como tudo começou...
Sinto que já não sou de mim
Sinto que me perdi num alucinante jardim...
Um espaço imenso e sem fim
Em ti: em nós...
Onde só reina o silêncio e a vontade atroz
Que desata todos os nós...
Onde a vertigem do canibalismo
Passa a ser conduzida pelo cinismo...
De querermos mais para além do puritanismo
De querer o suor a escorrer...
De querer o gemido fazer acontecer
De querer subir a estratosféricas dimensões...
De querer unir num, os nossos corações
De querer que sejam infinitas as nossas emoções...
De deixar-me inundar de ti estando perdido
Perdido nos teus caprichos que fazem de mim mendigo...
A querer suplicar a esmola da tua vontade
Aquela que me dás com olhares de maldade...
A maldade do escárnio consumado
Consumado e averbado...
Daquele que faz fluidos correr
E os nossos corpos estremecer...
Das tremuras da intensidade
Com que nos demos de verdade...
Ao sentimento do amor
Amor estado sempre maior...
Que nos une
E nos causa criatura imune...
Ao mal do mundo
Porque somos criação: ser profundo...
Capaz de tudo aniquilar
E de tudo superar...
Com o sentimento de amar e ser amado
Tudo gerado pelos... Olhares de pecado...
João Paulo S. Félix
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