Pudesse eu ser...
Pudesse no meio do mundo
Este espaço longínquo e profundo...
Fazer algo de imortal
Algo deveras memorável...
E profundamente admirável
Pudesse realizar algo assinalável...
E fazer suceder
O florescer...
Em que eu fosse um dia
Um dia não só doce melodia...
Mas toda a tua sinfonia
E estar plenamente em sintonia...
Contigo de modo avassalador
Intenso e devorador...
Pudesse ser nem que fosse um segundo
Que o convertia em algo nada efémero ou imundo...
Pudesse ser o teu amanhecer
E ver o teu olhar o meu rosto reconhecer...
E começar cada dia com o ato de te beijar
E te dar as boas vindas à jornada a iniciar...
Pudesse ser as tuas tardes
E delas todas as partes...
Pudesse ser as noites
E realizar contigo as doces cortes...
Onde te cortejasse
Com arrepios te deixasse...
E tudo se principiasse
Os beijos de desejo...
A suavidade do curso do Tejo
A ternura da suavidade...
Sentir nos gestos da honestidade
Do amor que une...
Une e nos funde
Que nos torna cúmplices e não confunde...
Sentir o teu respirar...
A cheio de vertigem ficar
E com ele brados sentir o corpo a soltar...
Os brados e os prantos da falsa trivialidade
E nos confinar à entrega para a eternidade...
Pudesse com toda a crença
Ser sempre em ti presença...
Também na madrugada
Que liga dias à alvorada...
E ser para ti eterna morada
De felicidade e plenitude...
Ser em cada gesto, palavra e atitude
O teu refúgio e reduto de viver
Para tudo fazermos acontecer...
Ai meu amor... Pudesse tudo isto ser...
João Paulo S. Félix
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