Confissões noturnas
No fim de mais um dia recebido
E do alto ou do além oferecido...
No qual se fecha o sol e se abre a lua
Lua nesta noite crua...
Em que a escuridão e o breu
Se vislumbra e se vê no céu...
Neste momento em que o silêncio
É convidativo para a manipulação de um compêndio...
Ou então
Para a reclusão da solidão...
Naquele gasto cadeirão
Com o candeeiro sempre à mão...
E uma qualquer bebida para acompanhar
O pensamento que se tenderá a libertar...
Seja com ou sem melodia
E algo de transcendente se principia...
Algo de belo começa
A juntar peça por peça...
Como os velhos negativos da fotografia
Que fazem a lembrança do importante dia...
E assim: sucede com o pensar
Esta arte de voar...
Esta ciência ao Homem confiada
E para nós predestinada...
Para pensar em tudo ou em quase nada
A noite é livre, libertina e uma prostituta...
Que nos leva a tomar as rédeas e a batuta
Para deixar fluir...
O que ao intelecto tende a advir
Para ser construção...
De algo marcante ao coração
A memória sempre existente...
De algo ou alguém presente
Que nos apartou da condição de ser carente...
Um alguém doce e especial
Deveras marcante e sensacional...
Alguém: um ser, uma luz
Que nos guia e seduz...
Alguém que é razão
De existir o ato de despertar da imensidão...
Como é possível pensou eu a divagar
Haver assim alguém de inflamar...
Inflamar e que tão perfeitamente nos tende a completar
Alguém que nos faz a lágrima secar...
E o sorriso querer fazer vingar
Alguém que nos conhece: a fragilidade e a fortaleza
Alguém que nos despe e vê a nossa pureza...
Um ser que nos envolve com as temperaturas das furnas
Um ser produtor destas confissões noturnas...
João Paulo S. Félix
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