Inocência de ser...
Hoje uma criança observei
E por ela me maravilhei...
Neste dia que é delas
Sejam de cidades ou aldeias...
Sejam do sul ou do norte
Olhei para uma e para o seu forte...
E qual é?
O ser firmeza em pé...
O ser rei sem espada
E príncipe sem farda...
O teu no olhar um brilho especial
De quem quer o mundo real...
E nele em tudo acreditar
Acreditar na palavra que se veio a vociferar...
Acreditar nas promessas dos adultos
Acreditar que vão viver uma vida sem insultos...
Acreditar também
Que vão ser como o pai com como a mãe...
Ou então como o tio doido lá de casa
Ou como os avós que os têm sempre debaixo da asa...
Criança, uma doce criatura
Que acredita num mundo ser amargura...
Que pode a bola chutar
E o melhor golo marcar...
Que pode desculpa pedir
E o mundo com essa palavra lhe sorrir...
Que pode com um abraço ser medicamento
Que cura a dor do coração e do pensamento...
Que puro é olhar tão doces pessoas
E lembrar que nós já o fomos em alturas boas...
E do nada puxo a fita ao passado
E dei por mim: a ter cada momento meu recordado...
Da minha infância de pequenez
E recordar cada momento com altivez...
Da minha infância feliz e amada
Por terras da minha Eira-Queimada...
Onde sonhava que aquele era o meu mundo
E nada mais havia, nada que fosse longínquo ou profundo...
Que bonita e doce ocasião
Em que jogar à bola era um festão...
E levantar o rosto para olhar
Para quem comigo estava a falar...
Que nostalgia
Da alegria de ouvir docemente dos pássaros a melodia...
E pensar nos beijos e abraços recebidos com doçura e calor
Que tinham, perante dinheiro, muito mais valor...
Saudades desse momento em que jamais estava a sós
Que falta sinto de ser a criança: o pequeno dos meus avós...
Que saudades de poder brincar ao fantasiar
Em que tudo se poderia passar...
Em que o relógio não existia
E a sua lei não se sentia...
Saudades de cada amanhecer
De quando era criança... De quando vivia: a inocência de ser...
João Paulo S. Félix
No comments:
Post a Comment