Da matéria da eternidade...
Somos feitos dos medos e dos receios
Que colocam a nu os frágeis anseios...
Resultantes de tempos de quimeras
Que se fazem presentes nas contemporâneas eras...
Somos feitos das matérias do coração
Que causam a dor da vil e temerosa solidão...
Somos feitos dos tempos letais
Que passam e voam rápido demais...
Somos feitos da carne que o relógio consome
Com a vontade de quem se alimenta e tem fome...
Somos feitos das vontades
Que criam desejo de sentimentos com felicidades...
Sentimentos de candura
E doce formosura...
Somos feitos da matéria que carece de carinho
Somos da fibra de quem precisa de ter num abraço o seu ninho...
Somos da cárnea realidade
De quem precisa de no beijo sentir a vitalidade...
De quem precisa de ser amado
De quem sente ardor do intenso fado...
Que é amar
Amar e suspirar...
Por alguém
Por quem...
Sim: pelo ser superlativo
Que faz o nosso ser se sentir altivo...
E acima de tudo vivo
Somos da matéria da fragilidade dos medos...
Que se vão por entre os dedos
Quando se caminha em parelha
Quando não se tem medo da escura quelha...
Porque se sabe e se trilha
O caminho que se dedilha...
Nos sons de uma guitarra
Que toca sons com toda a garra...
Que toca a melodia da cumplicidade
Com as notas da melodia: Da matéria da eternidade...
João Paulo S. Félix