Monday, November 4, 2024

Vagabundagem dos desejos...



 Vagabundagem dos desejos...

Devoras os meus tempos e vidas

Consomes os meus segundos e alegrias...

Devassas de forma vagabunda

A minha mente com espiral de vontade imunda...

Consomes os meus uis e os meus ais

E fazes soltar brados como fazem os animais...

Na mais animalesca vontade

De fazer toldar pelo chão toda a trivialidade...

As roupas, os objetos e os fardos

Para ficarem os corpos sedentos dos pecados...

Que se cometem de forma exacerbada

Com chama intensa e descontrolada...

Vejo chama no teu olhar

Vejo a forma como o teu ser me quer dominar...

Vejo a forma como me entranhas

A necessidade que querermos sempre mais...

De querermos a fuga dos restantes mortais

Para na entrega escaldante e ardente...

Por fim a um estado de alerta carente

Para se exacerbar o belo e o nu...

Do corpo que se come em cru

Dos suores que correm como reveladores...

De pensamentos tentadores

E como se eleva a demanda...

De se querer mais da vontade que comanda

Para a realização da paixão e do amor...

Que é do mundo expiador

Das banalidades insensíveis...

Para nos abrir portal

De lugar verdadeiramente especial...

Um espaço idílico e colossal

Onde somos só nós...

E a vontade de nos consumirmos a sós

Nos intensos e corpóreos mandamentos...

Que se servem nas principiais hostilidades com beijos

Porque queremos realizar... a vagabundagem dos desejos...

João Paulo S. Félix 


Saturday, October 26, 2024

Da matéria da eternidade...



Da matéria da eternidade...

Somos feitos dos medos e dos receios

Que colocam a nu os frágeis anseios...

Resultantes de tempos de quimeras

Que se fazem presentes nas contemporâneas eras...

Somos feitos das matérias do coração

Que causam a dor da vil e temerosa solidão...

Somos feitos dos tempos letais

Que passam e voam rápido demais...

Somos feitos da carne que o relógio consome

Com a vontade de quem se alimenta e tem fome...

Somos feitos das vontades 

Que criam desejo de sentimentos com felicidades...

Sentimentos de candura

E doce formosura...

Somos feitos da matéria que carece de carinho

Somos da fibra de quem precisa de ter num abraço o seu ninho...

Somos da cárnea realidade

De quem precisa de no beijo sentir a vitalidade...

De quem precisa de ser amado

De quem sente ardor do intenso fado...

Que é amar

Amar e suspirar...

Por alguém

Por quem...

Sim: pelo ser superlativo

Que faz o nosso ser se sentir altivo...

E acima de tudo vivo

Somos da matéria da fragilidade dos medos...

Que se vão por entre os dedos

Quando se caminha em parelha

Quando não se tem medo da escura quelha...

Porque se sabe e se trilha

O caminho que se dedilha...

Nos sons de uma guitarra

Que toca sons com toda a garra...

Que toca a melodia da cumplicidade

Com as notas da melodia: Da matéria da eternidade...

João Paulo S. Félix 

 

Thursday, October 24, 2024

Infernos de paraíso...



 Infernos de paraíso...

Inferniza a minha calma

Vem desinquietar a minha alma...

Vem tirar a paz aos meus dias

Vem romper as minhas rotinas...

Faz parar os meus tempos

Vem ser causa dos meus alentos...

Vem ser furacão silencioso

Que causa inquietação no sistema nervoso...

Vem despoletar a maldade corporal

Aquela que desperta o nosso animal...

Que se alimenta por instinto

Que se move pelo olfato faminto...

Vem ser a causadora da minha morte

Porque quero a fuga à pouca sorte...

Sim a morte aos tempos solitários

Vem ser a duplicidade dos gemidos desejados...

E na loucura soltados

Com os decibéis completamente descontrolados...

Vem desafinar o silêncio das horas

Vem ser a loba das ocasiões gloriosas...

Aquelas da entrega sôfrega e desenfreada

Aquelas em que o nós é o tudo ou nada...

Em que o amanhã fica para depois: se ele houver

Porque mais nada importa do que a entrega homem e mulher...

A entrega em ritmos de adrenalina

Em que acelera e evolui a oxitocina...

Vem ser

Vem fazer acontecer...

O fim da minha paz

Vem: porque sei daquilo que és capaz...

Vem ser a porta escancarada

Para a sensualidade descarada...

Aquela que se vive e que eu preciso

Vem ser, por favor... Infernos de paraíso...

João Paulo S. Félix  

Wednesday, October 23, 2024

Do amor feito sacralidade...



Do amor feito sacralidade... Quanto tempo pode caber na saudade Quanta lágrima é e pode ser vertida de verdade... Quanto da ausência traz devastação Ao ser vivo e em rota de extinção... Quanto do finito tempo se pretende Para viver algo que o coração surpreende... Um sentimento alucinante Que dilacera e é acutilante... Um sentimento redentor Que cura toda a ferida e dor... Que faz o humano ser suspirar Um sentimento para se vivenciar... O nobre amor Esse que me proponho compor... Compor e decompor Nos seus elementos essenciais... Que tornam dois seres em realidades especiais Seres imunes ao mundo e ao mundano... Seres que comandam com controlo soberano O coração com emoção... O beijo doce da exaltação Para patamar altivo de incompreensão... Porque nada é bastante E o topo é meta asfixiante... Para toda e qualquer barreira transpor Com altivez e esplendor... Porque o amor é assim Porque o amor é mais do que dizer sim... O amor é o ato ou loucura De buscar para a solidão a cura... E é por isso que no banal tempo pode surgir A saudade temporal reles e mortal... Porque o que importa é o manancial Da cumplicidade e da felicidade... Que se pretende até ao ocaso Ocaso e humana finalidade... Do amor feito verdade Do amor feito sacralidade... João Paulo S. Félix

Monday, October 21, 2024

O caminho: um caminho para eternizar...




O caminho: um caminho para eternizar...   

Regresso à vida que me deu vida... 

Regresso a um mundo de vivência sorrida 

Volto... Regresso 

Estou já por aqui em progresso... 

De mais linhas 

De mais intrigas... 

Feitas pensamentos escritos 

Feitas e criadas de sentimentos vividos... 

Regresso ao ar que Camões inalou 

E ao que Saramago coroou... 

Estou de volta à existência sofrida mas de esperança 

De regresso aos trilhos de Florbela Espanca... 

Volto aos trajetos de Sofia  

A que era Mello Breyner e que na escola lia... 

Volto... Sim, estou a voltar 

A sentir algo em mim a fervilhar... 

Estou aqui: para vós, por vós 

Mas por mim que ouvi a suplicante voz... 

Que do meu íntimo adveio 

 E ao alto algo veio... 

As letras que se juntam 

As que me inundam... 

As que se emparelham 

Para linhas editar 

Para as emoções fazer soltar... 

É bom voltar a escrever junto dos passos do Torga 

Do Torga, do Eça, do Mota, da Alçada... 

Bom voltar às emoções que é em texto alicerçada 

Voltei: aqui estou... 

Como sou 

Como sempre fui... 

Um solitário servo da escrita 

Nesta missão de revelar a novela bonita... 

Feita poema de encanto 

Feita prosa de espanto... 

Estou de volta: ao meu lar 

Este é o meu lugar... 

Vamos juntos de novo reiniciar... 

O caminho: um caminho para eternizar... 

João Paulo S. Félix