Vagabundagem dos desejos...
Devoras os meus tempos e vidas
Consomes os meus segundos e alegrias...
Devassas de forma vagabunda
A minha mente com espiral de vontade imunda...
Consomes os meus uis e os meus ais
E fazes soltar brados como fazem os animais...
Na mais animalesca vontade
De fazer toldar pelo chão toda a trivialidade...
As roupas, os objetos e os fardos
Para ficarem os corpos sedentos dos pecados...
Que se cometem de forma exacerbada
Com chama intensa e descontrolada...
Vejo chama no teu olhar
Vejo a forma como o teu ser me quer dominar...
Vejo a forma como me entranhas
A necessidade que querermos sempre mais...
De querermos a fuga dos restantes mortais
Para na entrega escaldante e ardente...
Por fim a um estado de alerta carente
Para se exacerbar o belo e o nu...
Do corpo que se come em cru
Dos suores que correm como reveladores...
De pensamentos tentadores
E como se eleva a demanda...
De se querer mais da vontade que comanda
Para a realização da paixão e do amor...
Que é do mundo expiador
Das banalidades insensíveis...
Para nos abrir portal
De lugar verdadeiramente especial...
Um espaço idílico e colossal
Onde somos só nós...
E a vontade de nos consumirmos a sós
Nos intensos e corpóreos mandamentos...
Que se servem nas principiais hostilidades com beijos
Porque queremos realizar... a vagabundagem dos desejos...
João Paulo S. Félix